A vida privada (pública) dos políticos

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   Quando vamos votar, pensamos em alguém que possa representar bem a nossa comunidade, por exemplo, tomando decisões que visem o bem-comum, e não interesses pessoais. Sentimo-nos sentindo traídos quando sabemos de envolvimento de políticos em corrupção ou esquemas de favorecimento a determinadas empresas. Nenhuma dúvida, nesse caso, que tal político não é digno do cargo que ocupa.
   Mas, e quanto a vida pessoal dos políticos? Devemos separar assunto privado de interesse público? Se, por exemplo, um político trai sua esposa, ele deve renunciar o cargo?
   Aqui, nos Estados Unidos, a vida pessoal dos políticos tem direcionado suas carreiras, ou o fim delas. Nos últimos anos, uma onda de políticos que tem perdidos seus cargos públicos por infidelidade conjugal é de espantar qualquer um.
   Em 2004, o governador do estado de Nova Jersey, James E. McGreevey, surpreendeu a todos quando declarou, diante das câmaras e do lado de sua esposa, que ele era um “gay americano” e que deixaria o cargo dentro de alguns meses. McGreevey, casado pela segunda vez, estava vivendo uma vida dupla.    Eliot Spitzer, ex-governador de Nova York, teve que dizer adeus ao seu cargo porque foi descoberto que ele frequentava uma agência sofisticada de prostituição há mais de 10 anos. Spitzer também se despediu com um discurso ao vivo ao lado de sua esposa que não escondeu o seu desagrado com toda a situação.
   Um fato interessante é que a administradora da agêncial era uma brasileira, Andréia Schwart. Depois da confusão, Andréia foi deportada para o Brasil e, no ano passado, candidadou a deputada estadual no Espírito Santo. Não só perdeu a eleição, como foi um dos candidados menos votados no estado.
   Embora o ator Arnold Schwarzenegger já tivesse deixado o cargo de governador da Califórnia no começo deste ano, a notícia que ele tinha um filho fora do casamento foi bombástica. Casado há 25 anos, ninguém esperava por essa. Schwarzenegger, que teve um caso com a empregada da casa, quer reiniciar sua carreira como ator. Sua carreira como político, entretando, não tem retorno.
   Em 2009, depois de desaparecer do público por cinco dias, o então governador da Carolina do Sul, Mark Sanford, declarou entre lágrimas que estava em Buenos Aires com sua amante. Suas lágrimas, porém, não foram suficientes para apaziguar o ódio visível de sua esposa. Seu divórcio e sua resignição vieram logo em seguida.
   O escândalo mais recente foi provocado pelo deputado federal Anthony Weiner. Em maio deste ano, uma foto sua, vestido de cueca, foi espalhada na internet. Weiner disse que tinha sido vítima de hackers. Porém, mais fotos indiscretas apareceram e ele acabou confessando que havia enviado as fotos e que mantinha contatos virtuais com mulheres. Weiner não teve outra saída, a não ser deixar seu cargo.  
   Esses e outros políticos americanos renunciaram não porque eram incompetentes ou agiam ilegalmente, mas por questões de valores morais. E nos perguntamos: devemos separar o mau marido do mau político? Os problemas particulares dos políticos devem ser resolvidos dentro de suas famílias? Suas vidas privadas devem ser expostas ao público?
   Pelo menos para a comunidade americana atual a divisão entre a vida pública e privada não é clara. Para o político que quer se manter no cargo, o melhor é andar na linha!    

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   Denise M. Osborne é araxaense, doutoranda pela Universidade do Arizona (USA) em aquisição de segunda língua, e professora de português pela mesma universidade.   [email protected]

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