A criança que nasceu prematura de seis meses na Santa Casa de Misericórdia de Araxá, foi dada como morta pela equipe médica e chorou ao ser preparada pelo agente funerário para o sepultamento não sobreviveu 24 horas. O parto de alto risco foi feito às 13h de terça-feira, 2, mas quase três horas depois da sua morte ter sido constatada pela pediatra Elba Barbosa, a obstetra Maria Sode e a anestesista Jânia, que inclusive contaram com a assistência de outros médicos, a criança chorou ao ser colocada na urna mortuária.
O diretor Administrativo e Financeiro da Santa Casa, Adair da Silva, informa que uma menor de 14 anos já em trabalho de parto, de alto risco, deu entrada no hospital. Segundo ele, a menor não fez nenhuma consulta de pré-natal e a sua mãe só ficou sabendo da gravidez no último mês. “Era um parto para ser feito numa cidade que tenha UTI Neonatal, Araxá não tem a mínima condição de fazer isso, nenhum dos hospitais. Mas, o parto foi feito tentando preservar até mais a vida da mãe do que da própria criança. A equipe médica fez o parto, a criança deu sinais vitais, só que logo em seguida parou de respirar e tentaram animá-la de todas as maneiras e não teve retorno”, conta.
Adair informa que o bebê nascido de uma gestação de 28 semanas, muito longe da data do parto normal, pesava pouco mais de 830 gramas, estava com 30 cm e o seu corpo ainda estava em formação. “A equipe tentou reanimar a criança da maneira que era possível fazer isso, depois, mais dois pediatras e um obstetra. Na verdade, a criança não conseguiu mais respirar e o foi ao óbito. Nesse estado, inerte, ela ficou por mais de duas horas e meia, como morta. Então, a família foi informada e os avôs e a mãe viram a nenezinha. O avô que é o responsável atesta que viu a criança morta. Depois, a encaminharam para a funerária e, neste intervalo, ao chegar lá, nos informaram que ela respirou e chorou e a trouxeram de volta para o hospital”, informa.
O diretor afirma que a Santa Casa então prestou um socorro ainda maior ao bebê e à família. “O hospital chamou uma equipe médica e deu toda a assistência com que dispomos para um recém nascido daquele tamanho, naquela situação. Então, ela voltou a respirar, a oxigenar e ficou assim até conseguirmos a transferência dela para Uberaba na noite de terça-feira (2), quando conseguimos uma ordem judicial para interná-la com vaga zero, ou seja, tem que ser recebida a criança.”
O diretor acrescenta que a recém nascida foi encaminhada para Uberaba viva e respirando, acompanhada por um pediatra e duas enfermeiras. “Hoje (quarta-feira, 3), a primeira informação que tive ao chegar no hospital foi que a criança não resistiu e, digo até que já era esperado, porque os médicos que a atenderam achavam muito difícil que fosse sobreviver. A equipe médica está chocada, todo mundo, ninguém nunca ouviu falar disso, não se tem notícia de um fato desse.”
Adair informa que uma UTI Neonatal já está sendo construída na Santa Casa. “Nós estamos construindo a UTI Neonatal, existe todo um processo burocrático, o projeto tem que passar pela Vigilância Sanitária, mas acreditamos que estará em funcionamento até setembro do ano que vem, junto com a UTI para adulto. No total, o hospital passará a contar com mais vinte leitos de UTI além dos atuais dez, sendo dez para adultos, sete para a UTI Neonatal e três para crianças”, afirma o diretor.