Editorial | Fogo amigo e cruzado

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Araxá novamente é vítima das pretensas candidaturas à prefeitura com a reincidente divisão política em torno do poder a mais de um ano da realização do pleito. Assim a arraigada política provoca soluções de continuidade no desenvolvimento do município quando não o impede por forças outras que não visam primeiro o bem coletivo.

Detalhada análise da história política municipal nos últimos cinquenta anos aos dias atuais aponta paradigmas que ainda precisam ser rompidos para a promoção do desenvolvimento socioeconômico de Araxá. Até porque estão enraizados aos das políticas mineira e brasileira que influenciam diretamente o município que sempre teve projeção por sua importância como estância hidromineral e onde está a maior produção de Nióbio (Nb) do mundo. No entanto, ao invés de colher mais benefícios por tanta riqueza, Araxá encontra resistências ao seu crescimento e diversificação da economia para diminuir a forte dependência econômica da mineração e metalurgia.  

O caminho certeiro é o do incremento da atividade turística que abrange mais de 50 segmentos da economia, mas também depende diretamente das políticas local, estadual e federal. Quando essas forças políticas não estão sintonizadas ao invés de resolver abandonam quando não postergam as demandas como no caso do Complexo do Barreiro. Mais uma vez existe em Araxá o eminente risco das promessas em ano pré-eleitoral que depois não podem ser cumpridas em razão do pleito. Então, as soluções ficam à mercê da vontade política de continuidade ou não das ações conforme as composições partidárias.

Três possíveis candidatos a prefeito em 2024 já dividem o mesmo grupo político que se uniu para vencer as eleições em 2020. Naturalmente, o prefeito Robson Magela é candidato à reeleição até diante da popularidade do seu governo especialmente junto à população mais carente que tem sido vista com prioridade. Por isso, ele é alvo de todas as forças políticas que não sejam àquelas que já apoiam a sua reeleição. Assim como a administração municipal tem sido bombardeada com reclamações junto ao Ministério Público (MP) de toda sorte que quando não procedem só dão muito trabalho para ambos. A maior dificuldade de Robson é separar o joio do trigo antes do tempo certo da colheita.


O vice-prefeito Mauro Chaves que rachou politicamente com Robson em menos de dois anos da atual gestão busca ampliar o espaço na oposição ao governo municipal que ajudou a eleger com a sua pré-candidatura à prefeitura. Como ele foi um importante articulador da composição político-partidária que venceu o pleito em 2020, o seu posicionamento abala não só os vereadores do grupo como ocupantes de cargos comissionados e contratados indicados não só como vice, mas também como ex-secretário municipal de Governo. O rompimento entre prefeitos e vices após eleitos acontece desde quando o araxaense voltou a elegê-los a partir de 1986. A história se repete para o mal da necessária governabilidade que se constrói a partir da eleição quando todos deveriam descer do palanque e só subir de novo como candidato em ano eleitoral. Em Araxá, é normal políticos que nem descem do palanque.

O deputado estadual Bosco ampliou muito a votação em Araxá e municípios da região e Noroeste de Minas, sendo eleito para o quarto mandato consecutivo com cerca de 70 mil votos. Ele valorizou-se com a expressiva votação nas suas relações na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e com o governo estadual que tem à frente o araxaense Romeu Zema. Mesmo assim, como ele pode reassumir o cargo de deputado caso não seja eleito prefeito seus aliados políticos sempre levantam essa possibilidade a cada pleito municipal até para cacifá-lo politicamente. Bosco que já disputou a prefeitura em 2008 nunca escondeu a vontade de conduzir a cidade, mas para concretiza-la não abriria mão da união política com Robson. 

O prefeito está num fogo político amigo e cruzado que lhe exige toda a habilidade, porque nos bastidores a oposição trabalha para impedi-lo de continuar no cargo a exemplo do que aconteceu com o ex-prefeito Jeová Moreira na esfera judicial. E no âmbito do Poder Legislativo está aberta uma Comissão Processante de Inquérito (CPI) sobre as irregularidades apuradas pela Polícia Civil (PC) na Secretaria Municipal de Agricultura e Pecuária na tentativa de responsabiliza-lo e cassa-lo politicamente. Independentemente do resultado da CPI que acontece em ano pré-eleitoral como ocorreu em 2015 contra o ex-prefeito Aracely de Paula que contou com a maioria do plenário para livrar-se da investigação, o modus operandi da política local não mudou muito até a atualidade. 

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