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prefeitura
Editorial | Enraizada corrupção
01/03/2023, às 11:52:56
A corrupção no Brasil existe de forma arraigada desde a sua colonização em 1500 refletindo-se ainda nos dias atuais com suas particularidades conforme avançou pelo país criando raiz. Como no caso de Araxá que completa apenas 158 anos em 2023, portanto, ainda guarda muitos resquícios da época em que a cidade foi criada em 1865 no período imperial vivenciado no país de 1840 a 1889. 
 
O Brasil organizou-se politicamente como uma monarquia no período imperialista, quando o imperador transmitia o poder hereditariamente. Então, Araxá formalizou-se como cidade numa sociedade de privilégios. Portanto, bisavós, avós e pais araxaenses de famílias abastadas ainda influenciam fortemente a cultura e as administrações pública e privada da cidade de modo conservador inclusive quanto aos vícios do poder. Em meados de 1800, no interior do país existiam pequenos núcleos urbanos formados em torno dos destacados prédios da igreja que no caso de Araxá é a São Sebastião e da Câmara Municipal. Esses povoados ao serem transformados em cidade mantinham o poder dos proprietários de terras. A população de Araxá como a de tantas cidades interioranas tinha uma elite que imitava a culta e rica aristocracia da capital do império, o Rio de Janeiro (RJ), onde este aparato era sustentado por pessoas que viviam de pequenos trabalhos avulsos, assim como de prostituição e malandragem. 
 
Araxá surge como cidade no auge da proibição do tráfico de escravos em 1850, início de uma lenta abolição formalizada em 1888 que ainda não concretizou-se plenamente. Cerca de 150 anos depois, há casos de trabalho escravo e preconceito racial que perduram até hoje principalmente no interior do país. Porém, com o avançar acelerado do tempo e a evolução tecnológica espera-se uma mudança mais rápida de mentalidade da população do individual para o coletivo como conclama a contemporaneidade. 
 
A partir da República de 1889, as fazendas brasileiras modernizaram-se como as da região de Araxá e milhares de imigrantes chegaram ao país, assim a sociedade brasileira passou por profundas mudanças especialmente políticas e sociais. À época, as pequenas cidades como Araxá atraíam os fazendeiros e comerciantes, além dos colonos que também estavam em busca de uma vida melhor do que na zona rural. A elite conseguia financiar os estudos dos filhos nos maiores centros do país, embora uns preferissem ficar para aprender com os pais sobre seus negócios e outros apenas viver de herança como ainda acontece.   



Em 1965, a ditadura militar no Brasil é implantada cem anos depois da criação da cidade que como estância hidromineral considerada área de segurança nacional volta a ter prefeitos nomeados de 1971 a1986. Quando o araxaense vota pela primeira vez depois da redemocratização do país, elege o prefeito anteriormente nomeado por dois mandatos para cumprir o terceiro até 1988. Assim como o elege para exercer o quarto mandato na prefeitura em 2016, depois de trinta anos do terceiro. Ele esteve mais de 40 anos no exercício do poder político como prefeito e deputado federal de 1975 a 2020. Essa força política lhe permitiu fazer fundamentais obras na cidade com recursos externos, além da arrecadação municipal advinda das atividades de mineração e metalurgia que ainda prosperam em Araxá. 
 
Porém, a recente história de Araxá continua impregnada dos resquícios de uma escola política e de governança oriunda do império, do coronelismo e da ditadura que não mais encontra respaldo legal. A gestão municipal anterior assemelhou-se às do período autoritário, distanciada do povo e acobertada pela maioria da Câmara Municipal para administrar sem a transparência, o controle e a impessoalidade estabelecidos pela lei. Tanto que ainda é alvo de ações judiciais abertas desde 2015, principalmente por corrupção ativa e passiva. Araxá passa por um processo de transformação política de longo prazo, porque não dá para mudar uma mentalidade de poder com um só resultado eleitoral. 
 
O início de um novo ciclo político a partir da eleição do atual governo municipal com novas lideranças inclusive no Poder Legislativo não significa o fim da enraizada corrupção no poder público da cidade, mas tem sido extirpada conforme é exposta. A prova está na investigação em curso pela Polícia Civil (PC) relacionada a um conhecido modus operandi de desvio de recursos públicos desvendado pela operação Malebolge há cinco anos e que ainda tem desdobramentos. A operação Ourímetro de agora se assemelha à anterior no cometimento de fraudes em odômetros de veículos e máquinas que prestam serviços à prefeitura. Essa reincidência merece a forte resposta que novamente a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) dá para por fim aos privilégios, contribuindo para o aperfeiçoamento do sistema de gestão pública da cidade e, consequentemente, da privada.
 
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