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Para reescrever a história da requalificação da av. Antônio Carlos, Centro, e da construção do Teatro Municipal de Araxá, agora é preciso que refaçam parte da obra e efetivamente terminem de executar o projeto. Uma obra pensada para realmente marcar o século XXI em Araxá e tão aguardada pela população teria que ser executada e fiscalizada por excelentes profissionais, a exemplo do projeto que foi elaborado por um dos mais conceituados arquitetos da atualidade no país, Gustavo Penna, que inclusive tem vínculos e residência na cidade. Mas pelo resultado que não deve ser o final, está claro que houve improviso e falta de esmero no acabamento da avenida, apesar da pretensão da administração municipal em fazer o melhor.
A estrutura da rampa aérea que rapidamente cedeu é o problema mais sério apresentado na obra, afinal, provocou infiltrações, a dilatação dos vidros e piso na fachada do espelho d’água, com considerável prejuízo ao erário público, sem considerar o retrabalho. É de dar dó observar o cuidado da administração municipal não só com a contratação de um projeto à altura da obra, mas também com a aquisição de materiais de qualidade, diante do desperdício verificado pela incompetência. Se o arquiteto é inquestionavelmente capaz mediante os projetos que já executou em todo o país e também um calculista com larga experiência foi especialmente contratado para a obra, o que houve de errado com a rampa? Provavelmente, não foi devidamente seguido o cálculo previsto na sua execução.
Em um ano, a rampa teve que ser interditada impactando no sucesso da obra como um todo, afetando a credibilidade da administração municipal que até então tinha o reconhecimento incontestável da maioria da população por ter enfrentado tamanho desafio. Afinal, quando o prefeito Jeová Moreira da Costa assumiu o cargo na gestão anterior, em 2009, a população já convivia há quase dois anos com o monte de entulho do antigo mercado municipal bem no coração da cidade - onde hoje é o já famoso teatro municipal-, além da escuridão reinante nas imediações, inclusive no ponto de ônibus coletivo central que também foi completamente estruturado. Em menos de três anos, o projeto foi idealizado e executado, mesmo com toda a oposição política que chegou a interferir no andamento da obra. E essa confiança foi novamente abalada quando apesar da administração municipal reconhecer o erro e anunciar providências imediatas, a rampa está escorada desde meados do ano passado, sendo que à época foi anunciado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, em entrevista coletiva no local, que no mais tardar em três meses o problema estaria solucionado.
Além do mais, pouca gente sabe que a obra continua inacabada. Conforme entrevista feita à época com o arquiteto pelo Clarim, o projeto prevê um monumento na área da fonte alusivo à história de Araxá, com destaque para cem importantes personalidades. O mobiliário também parece incompleto, principalmente sem as devidas lixeiras, pois uns latões improvisados destoam-se no local. Quanto ao paisagismo, apesar das árvores de Pau Mulato já estarem grandes formando um bonito alinhamento em relação à vista do Parque do Cristo e da extensa área verde que permite a permeabilidade do solo; a qualidade da grama e a sua manutenção deixam a desejar, assim como a falta das flores e outras plantas ornamentais. Nos poucos “cachepôs” espalhados pela avenida, foram utilizadas espécies inadequadas e muitas estão secas.
Outra medida que poderia ser tomada para evitar a formação das trilhas no gramado e ao mesmo tempo facilitar a travessia do pedestre de um lado para o outro da avenida na sequência das faixas coincidentes de cruzamento, é substituir a faixa de grama por um piso no canteiro central. Um detalhe que pode fazer a diferença, assim como tantos outros comuns ao final de uma obra, ainda mais com essa magnitude. É claro que toda obra recém inaugurada precisa de ajustes, mas o problema lá é a qualidade do que foi feito, como a fragilidade do cimento utilizado no meio fio e outros locais onde chega a esfarelar e o assentamento do piso que já rachou ou quebrou em vários lugares. Aliás, a pedra de granito precisa estar limpa para ser realçada, inclusive no calçadão da rua Olegário Maciel que também precisa de providências para estar como merece. Fechar a rua foi uma boa solução, no entanto, lá também é questionável a qualidade do serviço realizado.
Pelo menos não há nada de errado com o teatro que tem sido bastante utilizado, apesar das estancas que seguram a rampa em frente a sua entrada. Aliás, chegaram a pensar em colocar uma pilastra bem ali para sustentar a rampa, o que iria interferir na concepção do projeto. Ainda bem que isto não ocorreu porque um dos atrativos do conjunto é justamente a rampa suspensa e, além do mais, projeto é igual uma obra de arte - o arquiteto também assina a sua criação.
Esses problemas causam um desgaste que tende a desaparecer assim que forem solucionados eficientemente, mas na medida em que são postergados ficam proporcionalmente maiores. É lamentável o que tem ocorrido com essa grande iniciativa do governo municipal que a princípio só merece aplausos. Saudosistas à parte, ambientalmente a praça atual é muito mais correta do que a anterior, não só pela extensão da área verde que substituiu o concreto e do número bem maior de árvores plantadas, como também pelo espelho d’água que jorra de uma mina que estava soterrada e agora refresca o ambiente. A cultura local também ganhou significativamente com o espaço do teatro, seja na formação de plateia, como de profissionais, atraindo pra cá importantes espetáculos. Não há um só artista que se apresenta aqui, dos mais renomados aos principiantes, que não se impressiona com o palco, os camarins e, especialmente, a acústica do teatro.
É preciso recapitular essa história, com o merecido final feliz.