A política no sentido literal significa “a arte e ciência de bem governar, de cuidar dos negócios públicos”, assim como, “habilidade no trato das relações humanas” e “modo acertado de conduzir uma estratégia”. Significados que não têm tido muita aplicação na conjuntura de Araxá que hoje está muito mais próxima da politicagem, ou seja, da “política mesquinha, estreita”. O tratamento genérico deve-se ao que prevalece no conjunto, apesar das exceções. Mas, se por um lado o político envolvido neste contexto está cada vez mais distante do digno exercício dessa prática. Por outro, toda essa vivência provoca a politização da sociedade, desperta a consciência política do cidadão.

Em curto prazo, essa situação dificulta a normalidade da cidade num ano que já tende a ser menos produtivo para o brasileiro em função da Copa e da realização das próximas eleições. Já no futuro, pode ser que o eleitorado local refute este presente e deseje de fato a renovação política de Araxá. 

O que se vê é que apesar dessa tendência do cidadão em politizar-se, muitos continuam a insistir numa cega e viciada prática política que trata tudo com superficialidade, como se o eleitor ainda fosse tão ignorante como dantes, fácil de ser enganado com demagogia e apegado aos favores pessoais. Não, não e não, pois tudo evolui inclusive o ser votante, ainda mais aquele insatisfeito com as suas condições de vida, de relacionamento e vendo as perspectivas que Araxá pode oferecer cada vez mais distantes. A satisfação imediata pode ser subjugada pelo pessimismo, descrédito e falta de confiança no dia do amanhã. De forma que nesse bombardeio de acusações, em meio à ferrenha disputa pelo mando da cidade, o eleitor começa a sentir o que não quer mais de forma nenhuma.

Uns ficam querendo incutir nas pessoas vãs promessas de mudanças, até naquelas que nem mesmo as desejam porque sabem que dificilmente podem ser concretizadas. Enquanto outros se agarram ao comodismo, à inoperância, à lascívia, como se o mundo a sua volta pudesse acabar desde que continue intacto no lugar onde está, como se nada existisse a sua volta. Os bem intencionados esbarram-se na maldade daqueles que querem “ver o circo pegar fogo”, que disseminam mentiras e falsas acusações, que provocam a discórdia, que optam pelo tudo ou nada. Esse é o clima que insistem em fazer imperar nesse maravilhoso município, que deveria estar noutro patamar de convivência da população e de incentivo ao crescimento.

Quando certa tranquilidade insiste em despontar, tão somente uma trégua que poderia refazer os ânimos e alavancar a boa política, erguem-se novos e mirabolantes planos para que a instabilidade continue a minar as forças e as oportunidades de desenvolvimento. É como estabelecer-se em cima dos outros, ou seja, o que vale para um, tem que valer para todos, sem entender que este princípio tem sentido contrário ao do merecimento. A inversão de valores chega ao ponto de quererem fazer do certo o errado, desde que seja para atender determinados interesses. A cada esquina, tramam surpreender a população com novos embates, mesmo que sejam simplesmente criados para determinado fim.

É hora de ressaltar as devidas posturas, daquelas pessoas que sabem respeitar como gostariam de ser respeitadas; que se calam antes de fazer o mal e falam quando podem fazer o bem; que prezam e resguardam o ambiente onde vivem; que têm coragem de fazer críticas construtivas e desprezam as destrutivas; que sabem reconhecer o que é devido e a combater o que não é; de lutar para estabelecer os direitos de todos e impor limites nos próprios.