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A Prefeitura de Araxá dá um ousado passo quanto ao adequado gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos pela população, ou seja, os vários tipos de lixo: orgânico, reciclável, eletroeletrônico, sucata, entulho, hospitalar. É muito grande o desafio porque depende fundamentalmente de uma mudança de hábito, para não dizer cultural, que implica no fim de um paradigma. Ou seja, é preciso que a grande maioria da população efetivamente passe a separar em casa e no local de trabalho o lixo molhado ou orgânico (restos e cascas de alimentos, papel higiênico, fraldas, guardanapos etc.) do lixo seco ou reciclável (papel, papelão, plástico, metal, vidro, pet etc.). Além disso, para que a população seja motivada a adotar esse novo comportamento é preciso que a coleta de toda a cadeia do lixo seja eficaz, assim como a sua destinação correta, especialmente do orgânico e reciclável.
A questão da deposição correta do lixo de Araxá vem sendo levantada há uns vinte anos, com significativos avanços na última década, especialmente a partir do fim do lixão e implantação do aterro sanitário. No entanto, chegou num ponto em que até a legislação torna-se mais rigorosa ao exigir uma coleta seletiva eficiente a fim de diminuir o volume de material reciclável que ainda chega ao aterro sanitário e, desta forma, aumentar a sua vida útil. Hoje, 80% do lixo destinado ao aterro local são de material que poderia ser reprocessado, inclusive gerando renda para as associações e, consequentemente, para a sobrevivência dos catadores. Portanto, se apenas os 20% de lixo orgânico fossem destinados ao aterro sanitário, a sua vida útil poderia quase que dobrar. É lógico que dificilmente serão retirados 100% desse material reciclável do aterro, mas é possível maximizar muito este percentual na medida em que a população se envolva adotando uma nova postura em relação ao lixo que ela mesma produz e paga para ser destinado de forma a causar o mínimo de impacto ambiental. Sob o aspecto social, quanto mais lixo for reciclado pelas associações, melhor se tornam as condições de vida dos catadores.
As principais dificuldades das três associações - Foco, Reciclara e Dona Beja - que já receberam do município os galpões e equipamentos necessários para prensar e comercializar o lixo reciclável, são a colaboração da comunidade e os caminhões adequados para fazerem uma coleta eficiente em toda a cidade. Então, justamente para superá-las é que o município se propôs a partir desta semana a estabelecer a nova coleta de lixo. A ideia é de que o lixo orgânico seja recolhido segunda, quarta, sexta-feira e sábado e o lixo reciclável na terça e quinta-feira, pelos mesmos caminhões da frota municipal e nos horários de costume da população. Se antes o lixo era recolhido todos os dias (com exceção dos domingos) em tal hora na porta de determinada residência, vai continuar sendo assim, porém de forma alternada em relação ao tipo de lixo. É lógico que para guardar o lixo orgânico de um dia para o outro (na terça e quinta) é preciso que esteja bem acondicionado a fim de se evitar o mau-cheiro, o que não é nada do outro mundo, basta boa vontade. Já em relação ao reciclável, se os vasilhames forem enxaguados não haverá esse inconveniente. Sem dúvida é mais fácil reclamar e deixar de fazer a sua parte, mas não é o correto sob qualquer ponto de vista, especialmente o ambiental. E não é difícil ter em casa ou na empresa dois locais para colocar o lixo ao invés de um, sejam lixeiras, sacos ou mesmo caixas de papelão.
Por outro lado, a prefeitura tem que se esmerar em fazer a coleta de lixo de forma eficiente, cumprindo horários, passando em todos os locais possíveis e recolhendo com cuidado. Outros aspectos necessários já têm sido obervados, como uma remuneração justa para os garis e a folga aos domingos, além dos uniformes e EPIs que foram distribuídos esta semana e devem ser usados mesmo que seja necessário manter uma vigilância neste sentido para o bem do próprio trabalhador. A administração municipal também já adquiriu um britador de entulhos, um triturador de madeiras e outro de vidros para dar novas utilidades ao lixo que deve ser reaproveitado. Outras providências foram o estabelecimento dos Ecopontos para receberem entulhos e sucatas e uma parceria com a iniciativa privada para recolhimento do lixo eletroeletrônico, mas ainda falta divulgar mais onde estão esses pontos de entrega. Outra medida primordial é a adequada manutenção e funcionamento do aterro sanitário, que recentemente foi alvo de várias denúncias por causa do acúmulo de lixo em decorrência da falta de mais um trator. E também porque municípios vizinhos estavam trazendo o seu lixo para Araxá e sem qualquer informação da prefeitura se havia autorização e contrapartida para tal ação.
Ninguém espera que essas mudanças aconteçam da noite para o dia, pois exigem um período de adaptação que pode ser menor ou maior dependendo do envolvimento da população e da competência da coleta. Mas, existe sim uma grande expectativa de que a iniciativa dê certo, fechando adequadamente a cadeia do lixo no município.