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A partir desta semana, a maior pasta do governo municipal está sob o comando do Partido dos Trabalhadores (PT), com a posse do secretário de Educação, Vicente Donizetti da Silva. Um importante passo do prefeito Jeová Moreira da Costa que com a escolha de Vicente consegue aliar quesitos técnicos e políticos, ambos necessários para dar a pretendida guinada nos dois próximos anos de gestão, apesar da instabilidade vivenciada no governo desde as Eleições Municipais de 2012. Não tem sido fácil, até porque o prefeito conseguiu apenas uma trégua, pois ainda não existe uma decisão definitiva sobre se permanece ou não no cargo até o fim do mandato em razão da disputa judicial pelo poder público que tem feito tanto ou mais mal à população, mas ele está confiante. De qualquer forma, a cidade está aprendendo com a lição que aguça a consciência, o interesse e a memória do eleitorado.
Para que essa nova composição política também colha o efeito pretendido nas urnas em 2016, o governo municipal terá que ser muito melhor sucedido do que foi até agora. Principalmente, em função das intempéries que afetaram o planejamento e a execução de boa parte das ações, praticamente anulando a vantagem da reeleição que em tese deveria favorecer o que já estava em andamento em função da continuidade do governo. Até então, seriam feitos reajustes, mas em função dessa instabilidade o prefeito busca uma forte mudança, especialmente sob o ponto de vista da governabilidade, o que necessariamente passa pela Câmara Municipal. E o PT soma nesse aspecto com dois vereadores, Marcílio Faria e Farley Aquino, apesar deste último ter recentemente demonstrado que vota por convicção pessoal e não partidária e pelo menos até o momento estava do lado oposto. De qualquer forma, o governo municipal precisa convencer não só o Farley, como outros para conseguir pelo menos o apoio da maioria simples na Câmara, ou seja, oito votos. E para isso, o único caminho seguro é o de ser bem sucedido apesar das forças políticas contrárias.
Não será possível realinhar o governo mudando apenas a secretaria de Educação, inclusive porque será difícil superar o trabalho que já vinha sendo realizado pela secretária anterior, Maria Célia Araújo, evidenciado na melhoria de todos os indicadores, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Tanto que a ex-secretária não deixará o governo, passa a ser uma assessora diretamente ligada ao Gabinete, justamente para fortalecer o elo entre a educação e a assistência social. Então, as mudanças continuam e apesar da expectativa de que o PT também indicaria o secretário de Esporte e Juventude porque é uma pasta muito afim com a de Educação, o titular já é conhecido e está filiado ao PDT, Willians Batista, que foi candidato a vereador e é da área, inclusive já trabalha na prefeitura junto com o então assessor municipal de Esportes, Jorge Eustáquio.
Outra pasta que pesa muito na balança do eleitor é a de saúde, ocupada pela vice-prefeita Edna Castro que se desligou do cargo esta semana. Ela é a expressão máxima do PSDB local que preside e foi o fiel da balança para a reeleição do prefeito Jeová ao decidir apoiá-lo compondo a sua chapa, mesmo indo contra um movimento político criado para deixá-lo praticamente sozinho na última disputa, só com o PDT e algumas siglas sem expressão. O que não ocorreu porque embora o PSDB estivesse esvaziado à época, com a Edna Jeová não só evitou que expressões estaduais estivessem em palanque oposto, especialmente o então governador tucano Antonio Anastasia que optou pela neutralidade, como também aumentou significativamente o tempo de propaganda eleitoral. Então, seria justo que a saúde permanecesse politicamente sob a influência do PSDB. Porém, o partido não apresentou um nome capaz de aliar também o critério técnico que para a maioria da população é fundamental dada à importância da pasta. Edna tentou e não conseguiu emplacar indicações que apontavam apenas para o critério político, o que a cidade tem experimentado e não aprovado nas últimas gestões municipais.
O prefeito escolheu um ex-colega, o médico João Batista Arantes da Silva que é diretor Clínico da Santa Casa de Misericórdia e veio para Araxá no mandato passado atendendo convite dele. Ele tem feito um aprovado trabalho na Santa Casa, sendo o responsável por avanços consideráveis como a implantação da residência médica, é ligado à área acadêmica e no decorrer desse tempo conseguiu passar ileso em relação à artilharia política. O PSDB fica com o crédito e de qualquer forma já está dentro do governo municipal, o que agora repete uma situação inversa vivenciada pelo ex-prefeito Olavo Drummond que foi eleito pelo PSDB com um vice do PT. A torcida é para que desta vez dê certo em prol da cidade, com uma sadia disputa entre tucanos e petistas para fazer melhor, cada um dentro da sua fatia de poder.
O PDT também detinha a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Parcerias com a ex-secretária Alda Sandra Barbosa Marques e ainda tem as secretarias de Assuntos Jurídicos, com André Sampaio, de Segurança Pública, com Mauro da Silveira Chaves, e de Desenvolvimento Humano, com José Domingos Vaz. Bem aquinhoado, o partido do prefeito que fez uma respeitável bancada de três cadeiras na Câmara Municipal acabou ampliando esse espaço com a Secretaria de Esporte e Juventude dentro dessa reforma política e administrativa que deve estar concluída até dezembro próximo. Especialmente, em relação à Segurança Pública, o secretário Mauro já alia o critério técnico e o político e tem feito um excelente trabalho, digno de menção. No entanto, o prefeito já disse que todos os atuais secretários colocaram os cargos à disposição para que ele tivesse liberdade de alterar o que fosse preciso visando dar sustentabilidade e deslanchar o governo.
Já o secretário de Desenvolvimento Urbano, João Bosco Borges, apesar de preencher o critério técnico por ser engenheiro civil ficou isolado politicamente por estar filiado ao PR que é o partido do principal adversário do prefeito nas urnas. Talvez por isso e somando-se ao natural desgaste no cargo, agravado pela instabilidade que atingiu planos e obras na área, é que tem sido feito um esforço hercúleo para que ele ocupe uma cadeira na Câmara Municipal como primeiro suplente. Ele poderia substituir o companheiro de partido César Romero (Garrado/PR) que já disse que não pretende deixar a Câmara ou outros três da oposição que fizeram parte da coligação rachada pela disputa, Alexandre Carneiro (PR), José Gaspar de Castro (PMDB) e Miguel Jr. (PMDB) que também declinaram o convite para compor o governo.
Sinal que Jeová tem tentado, embora não esperasse tanta resistência. Ele não tem feito distinção ao oferecer espaço dentro do governo para os partidos, já recusado pelo PMDB, DEM, PTdoB, PR e PRB no âmbito da Câmara. Mas, maior do que esse desafio partidário será o de realmente descentralizar o governo que gira muito no seu entorno e instrumentalizar cada pasta com recursos financeiros e humanos para que não só proponham como executem as ações que a cidade espera.