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O ambiente digital veio para ficar e será cada vez mais utilizado, substituindo hábitos e provocando mudanças culturais. Não é difícil imaginar que em poucas décadas não só os jornais de papel, mas os próprios livros deixem de existir na concepção de hoje. No entanto, serão substituídos por outros meios pelo qual o ser humano continuará se expressar da mesma forma, ou seja, o que tem valor é o conteúdo, o talento do jornalista, do escritor e de todos em cada uma das suas áreas de atuação. Apenas o tráfego pelo universo da comunicação é diferente, impondo gradativamente outros comportamentos. As novas gerações já nascem “linkadas”, enquanto as mais velhas têm que adaptar-se e, muitas vezes, a fórceps.
Nesse período de transição, prevalece a familiaridade dos mais novos com o mundo virtual que parecem dominar já ao nascer e a dificuldade dos mais velhos em adotar essas práticas geralmente pela simples resistência ao desconhecido. Mas, todos hão de concordar que hoje em dia comunicar-se com quem quer que seja é muito mais fácil. E não dá para dizer que uma pessoa fique mais bitolada quando facilmente pode saciar a sua curiosidade em qualquer assunto imaginável com poucos cliques; assistir o programa e o filme preferidos na hora que mais lhe convém através do computador e numa grande TV de alta definição; fazer sua mensagem chegar do outro lado do mundo quase simultaneamente ou então conversar com quem está lá; encontrar na rede aquele amigo de infância e voltar a ter notícias dele; enviar o currículo para uma gama de oportunidades; inscrever-se em casa para um concurso, vestibular, sorteio; fazer compras consultando com agilidade um monte de ofertas para comparar preços ou achar algo num lugar onde não poderia estar, mas que pode ser adquirido mesmo assim. Etc. etc. etc.
Como em tudo, existe o lado perverso da internet, como a facilidade, o alcance e a rapidez com que o mal intencionado pode denegrir alguém, enganar, prejudicar, perturbar e vigiar; a disseminação de informações errôneas; a preguiça de se aprofundar em qualquer assunto, com o incentivo à acomodação; a substituição do necessário calor humano pela distância; a insensibilidade com a dor alheia; a falta de limite que promove o desrespeito; a superficialidade e o distanciamento. No entanto, à medida que aumenta o número de adeptos, também é maior a necessidade de estabelecer regras, como em tudo na vida em sociedade. Além do mais, a experiência traz o amadurecimento pessoal, o usuário com o tempo passa a ser mais seletivo e cuidadoso, ao invés de incluir indiscriminadamente, passa a excluir quem não interessa ou não tem com ele a mesma sintonia. E uma importante realidade para o ambiente virtual passa a existir no Brasil a partir do próximo dia 23, quando entra em vigor o Marco Civil da Internet. É como se fosse a Constituição da Internet, sancionada pela presidência da República em abril passado, após ser discutida junto à população e na Câmara Federal onde tramitou por dois anos, estabelecendo regras e conceitos básicos gerais da rede e que servirão de alicerce para as futuras leis sobre o assunto. O marco refere-se à liberdade de expressão, à proteção da privacidade e ao estabelecimento da neutralidade da rede como princípios básicos, além de definir quais as responsabilidades de cada um neste novo universo.
Há elogios e críticas, os que defendem esse controle e os que o consideram como um cerceamento à liberdade de expressão. Mas, deve ser bem-vindo principalmente porque busca o bom senso, o uso responsável e equilibrado desses poderosos recursos e, além do mais, poderá ser aperfeiçoado através das leis complementares. Também demonstra razoabilidade ao determinar que os conteúdos só possam ser retirados do ar após uma ordem judicial e o provedor não poderá ser responsabilizado por aqueles considerados ofensivos postados pelos usuários. Ou seja, o usuário é que será responsável pelo o que divulga na rede. Por outro lado, para provar que um conteúdo é ofensivo, o responsável por ele deve ter o direito ao contraditório na Justiça. A exceção é quando se trata de matéria penal, como pedofilia, racismo ou violência. Com o marco, o usuário da internet agora deve se atentar antes de apropriar-se do que não é seu, maldizer alguém, acusar levianamente e outras ações deste tipo que passarão a ser tratadas como são na vida real.