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Se o Brasil não reage positivamente à oportunidade de votar em outubro próximo, Araxá muito menos, porque além de tudo também está diante da perspectiva de perder o espaço mantido na política nacional por quase 25 anos através do deputado federal Aracely de Paula. Independentemente da atuação dele ser aplaudida por uns e criticada por outros, Araxá está dentre os poucos pequenos municípios brasileiros com assento no poder decisório do país devido a sua perseverança. Mas, só até dezembro próximo, pois depois de seis mandatos consecutivos Aracely não concorrerá mais ao cargo e o município não terá candidatura própria a deputado federal neste pleito.
Logicamente, não é possível aos 5.570 municípios brasileiros terem pelo menos um representante na Câmara Federal que conta com 513 cadeiras. Consequentemente, a grande maioria dos municípios depende dos deputados federais eleitos por outros de maior eleitorado no âmbito do seu Estado para também ser lembrado e quiçá contemplado, o que evidencia uma das distorções do sistema político-eleitoral vigente que não possui o voto distrital apesar da enormidade do território brasileiro. Principalmente por causa da forma como se processa hoje a política brasileira, Araxá realmente perde um cobiçado espaço. Ou seja, Minas Gerais é o Estado com o maior número de municípios do país (853) e tem somente 53 deputados federais, sendo que dentre estes, um ainda é de Araxá.
No entanto, o Estado terá 55 deputados federais a partir da próxima gestão, aumentando um pouco a sua representatividade, mas nenhum deles será de Araxá. Portanto, a prioridade de atendimento do município será proporcional aos votos que serão disputados e divididos neste pleito por muitos candidatos a deputado federal, inclusive de outras regiões mineiras, que aqui farão campanhas de olho nesse vazio. Em 2010, Aracely obteve cerca de 21 mil votos em Araxá e conseguiu o restante dos 90 mil que o elegeram em vários municípios menores desta região e também do Norte de Minas. Situação que tende a se inverter no próximo pleito, com Araxá tendo um peso menor na eleição de candidatos de fora.
Aracely deve ser aplaudido pela difícil missão de manter-se no cargo como deputado federal majoritário de Araxá por tanto tempo, enfrentando a cada disputa o natural desgaste advindo das sucessivas reeleições. A sua intenção de não mais disputar uma cadeira na Câmara Federal foi explicitada quando ele decidiu concorrer para prefeito em 2012. Inclusive, ele enfrentou esse ônus por parte do eleitorado que não queria que deixasse o mandato federal antecipadamente. E não pode ser responsabilizado sozinho pela falta de lideranças políticas do município capazes de se elegerem para a Câmara Federal. Se ele não trabalhou para fazer um possível sucessor na cadeira federal do município, a política local também não se renovou como devia nesses últimos vinte anos, andou em círculos, centralizada nas mesmas pessoas e em disputas mais particulares.
Prova disso, é que embora Araxá tivesse representatividade federal desde 1991, não teve a estadual de 1993 até 2010, quando finalmente um candidato da cidade elegeu-se para a Assembleia Legislativa, mas praticamente por mérito próprio, contrariando uma tendência negativa. E mais uma vez, a política araxaense peca ao contrariar a expectativa do eleitorado de ter e manter depois de tantos anos representantes no Poder Legislativo estadual e nacional.