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O processo eleitoral deste ano é o prenúncio da falência do sistema político vigente que já não se sustenta mais, se esfacela mediante o esgotamento do eleitor que está sabiamente saturado com tanta desigualdade e impunidade. A posição da maioria do eleitorado tende ao completo desinteresse, tanto que nunca antes foi tão pequena a audiência da classe política. E não adianta apelar para os antigos métodos de sedução ou coerção, porque o sistema está desmoronando. O que nem deveria, mas surpreende os que ainda acreditam na manutenção do status co.
A falta de opção do eleitor, mesmo com a existência de uns 30 partidos políticos no país, é patética. Inclusive, o que o leva a votar sem crença e entusiasmo, seja nos candidatos dos dois partidos que se alternam no comando do país nos últimos 20 anos e que até chegaram a polarizar a disputa eleitoral ou na candidatura que apareceu como a mais desvinculada desses esquemas, ou seja, a menos comprometida com o que se apresenta hoje ao brasileiro, como se realmente fosse uma terceira via. Embora nenhum desses candidatos convença mesmo o eleitor, que conforme a sua própria concepção já não pensa em votar no melhor, mas no menos pior. Os truques de marketing político, o discurso ensaiado, a postura salvadora da pátria, a maledicência com a troca de acusações, as promessas, tudo sucumbe desnudando as coligações sem sentido, os candidatos aos parlamentos que mais parecem “santinhos” falantes, a poluição sonora provocada pelas maçantes músicas, a incoerência dos palanques, a cara de pau dos mentirosos, as soluções mirabolantes, a completa falta de conhecimento da realidade do país, Estados e municípios. O eleitor não está convencido, seja lá em quem for votar.
Perdeu-se o “time” das principais e necessárias reformas para evitar esse colapso, como a político-eleitoral e a tributária. Independentemente de quem for vitorioso neste pleito, tudo indica que não será mais como dantes num futuro que já se vislumbra bem próximo. Como se estivesse ocorrendo o despertar da população brasileira, após ter aceitado todas as provocações sem reagir por muitos anos. Esse povo está acordando e não tem mais nada a perder, não vai mais esperar e sim exigir as mudanças. A classe política não vai conseguir sustentar mais um processo de eleições gerais como este, porque o conformismo está se acabando.
Não é que o brasileiro não liga com a corrupção, com o sucateamento das empresas e serviços públicos, com a falta de infraestrutura e logística, com o déficit público que é o maior responsável pelo pífio desempenho da economia, com a mascarada inflação, com a discrepância entre as classes sociais, com a violência. A questão é que o brasileiro está cada dia mais descrente na reversão desse quadro pelos políticos e, consequentemente, a consciência coletiva está sendo um tanto quanto provocada. Ele não se preocupa mais com quem vai ganhar e sim como será daqui pra frente.