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O evento Outubro Rosa realizado mundialmente com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da prevenção ao câncer de mama e do diagnóstico precoce ganha força a cada edição. O governo do Estado anunciou que a partir dos próximos meses as usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) vão passar a ter mais facilidade para obterem diagnósticos precisos de câncer de mama. A relações públicas Ana Cristina Carneiro Teixeira Pinto, 48 anos, de Belo Horizonte, fala ao Clarim da sua experiência pessoal, como conseguiu superar a doença desde o primeiro momento, a importância do diagnóstico precoce para a cura, as lições positivas de vida e o seu engajamento na campanha para conscientizar outras mulheres.
Mãe de Luiza Teixeira Pinto Guimarães, 12 anos, casada com Hertz Fonseca, Ana Cristina conta que sempre foi muito atenta com a saúde e desde muito jovem anualmente vai ao ginecologista. Segundo ela, onze meses após a última consulta de rotina, em setembro de 2013, percebeu que tinha aparecido uma mancha no bico do seu seio esquerdo. “Achei estranho, apalpei como sempre fiz, mas não vi nada! Então, marquei um mastologista, pois como ainda não tinha um ano que tinha feito a mamografia nem imaginava nada, achava que estava tudo normal”, conta. Ela acrescenta que o médico viu a mamografia e o ultrassom e lhe disse que tinha aparecido um carcinoma no seio, mas que era benigno. “Porém para precaução, ele me pediu uma biópsia e, para surpresa de todos nós, inclusive do meu ginecologista, era maligno, infelizmente”, lembra-se.
O câncer de Ana Cristina foi diagnosticado como “Carcinoma Ductal Invasivo” e, desde então, ela iniciou o tratamento que incluiu cirurgia, quimioterapia, radioterapia e ingestão de hormônios. Depois de exatamente um ano, como ela mesma diz, venceu a guerra. “Entrei na guerra e venci, um ano... que passei a olhar a vida com outros olhos! Tive as mais fortes emoções, sofri, questionei, chorei... enfrentei e mais do que nunca lutei, lutei e lutei! Senti todas as emoções possíveis na vida, desde as mais simples às mais complexas. Aprendi que precisamos de momentos para refletir, a dar mais valor a um sorriso e a quem sempre esteve do nosso lado. Aprendi a ser mais mulher, independente da beleza do corpo. Aprendi que família e amigos verdadeiros é tudo de mais importante que temos na vida. Aprendi a me reconstruir com o tempo e não com pressa. Aprendi a viver ... Viver... E viver... Sempre!”, conta emocionada. Com a cura, Ana Cristina continua apenas com o tratamento hormonal durante os próximos cinco anos.
A luta - Desde o primeiro momento, a partir do diagnóstico, Ana Cristina demonstrou fé na cura, força de vontade e alto astral diante da adversidade. Um exemplo foi o dia em que raspou a cabeça, transformado numa festa em família conforme mostra o vídeo que ela produziu do momento intitulado “Força na Peruca”. Oito meses depois do enfrentamento da doença, ela disse num depoimento: “De um lado, várias células invasivas tentando de toda forma tomar conta do meu corpo... e do outro lado eu lutando com todas as minhas forças e fé. Foi uma luta de verdade! Passei diariamente a correr atrás de médicos especialistas, medicamentos, biópsias, cirurgia, quimioterapias, radioterapias... Todo minuto novas informações e, da noite para o dia, passei a conviver com mil e um nomes bizarros que nunca havia ouvido falar, como imunohistoquímica, HER2, linfonoldo sentinela. Corria atrás de todas as informações possíveis, de todas as formas, na internet, com médicos especialistas em Belo Horizonte, São Paulo e até no exterior. Passei a lidar com um turbilhão de emoções, incertezas e ‘filmes’ que invadiam a minha mente. Porém, não enfraqueci um só momento! Tive muita vontade de viver, muita fé e descobri dentro de mim uma força que nem eu imaginava ter”.
Ela conta que não parou de trabalhar. “Deixar a cabeça nesta hora na ativa é um grande segredo. Sempre trabalhei, não parei um só instante. Quando eu fiquei sabendo, fui logo na diretoria, expus o meu caso e disse que apesar de ter direito por lei de me afastar por seis meses para tratamento não iria fazer isto, pois era muito importante estar trabalhando. Só pedi que me desse a elasticidade de quando precisasse ir aos médicos pudesse ter liberdade de sair e que iria trazer todos os atestados. Eu fui muito bem compreendida por todos, inclusive muito elogiada por ter passado esta barra toda sem esmorecer um só minuto e trabalhando sempre”, afirma. Ela acrescenta que de forma geral os seus hábitos não mudaram muito. “Continuo fazendo as mesmas coisas que fazia antes, porém com mais precaução. Sempre comi muitos legumes, verduras e frutas e continuo comendo. Faço hidroginástica duas vezes na semana, nunca fumei e depois da quimio e da radio continuo bebendo socialmente, ou seja, minha vida é como antes, pois sempre fui regrada, porém agora com os olhos mais abertos, dando mais valor à vida”, afirma.
Superação e engajamento - Ana Cristina não perdeu o foco em superar a doença: “Era uma luta contra o tempo e eu tinha que vencer de qualquer maneira”. Segundo ela, hoje reconstrói a vida devagar. “Tudo no seu tempo. Meus cabelos voltaram a crescer, comecei a desinchar (os fortes medicamentos nos deixam um balão inflável) e renasço com mais força ainda. Quero agradecer a todos que rezaram e torceram, aos meus verdadeiros amigos e principalmente a toda minha família que tanto me deu força nesta hora tão necessária. Superar os momentos difíceis da vida com força, fé e alegria é o segredo da cura”, diz. Ela acrescenta que também aprendeu que a vida é curta e deve vivê-la intensamente em cada momento. “Aprendi que temos que fazer de tudo para sermos felizes e, principalmente, nunca desistirmos. E acreditem, Deus está sempre do nosso lado.”
Hoje, ela participa de vários grupos pelo facebook (Combate ao Câncer de Mama, Quimioterapia e Beleza, Rosa Choque, Guerreiras contra o Câncer) e conta a sua história de vida sempre que possível para dar força às mulheres que estão passando pelo mesmo problema. “Sou filiada a todos e sempre quando aparece alguém pedindo informação eu converso e digo minha experiência e dúvidas que são muitas, principalmente no começo. No fim do ano passado, arrecadei aqui no meu serviço R$ 2 mil e comprei fraldas para o Hospital Mario Penna . Pretendo também fazer um blog, mas ainda não tive tempo”, diz.