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EDITORIAL - A derrota da presunção
31/10/2014, às 10:18:37

A exacerbada autoconfiança de Aécio Neves (PSDB) que supervalorizou o domínio político em Minas Gerais foi a principal razão da sua derrota no Estado e, consequentemente, no país. Os cerca de 3,5 milhões de votos que o separaram da vitória é menos do que os 4 milhões que ele esperava obter de vantagem no  Estado, governado pelos tucanos há três legislaturas, duas pelo próprio Aécio e uma pelo sucessor e, antes vice, Antonio Anastasia - que conseguiu eleger-se senador, mas não com a esperada folga. Crente numa aprovação de gestão no governo mineiro de extraordinários 92% que são refutáveis desde a época e, mesmo assim tão propalada na campanha, ele confiou que conseguiria eleger até Pimenta da Veiga (PSDB) - que estava aposentado politicamente e nem morava mais em Minas Gerais.

 

A escolha errada do candidato a governador pelo PSDB pode ser maximizada até como fatal, porque a vitória de Fernando Pimentel (PT) paradoxalmente significou não só a alternância de poder no Estado, como o fortalecimento da campanha do PT embora representasse a continuidade na esfera federal. Outro grande erro foi acreditar que o apoio de Marina Silva (PSB) a sua campanha pudesse fazer muita diferença, especialmente em Minas Gerais. A questão é que os mineiros que votaram em Marina no primeiro turno fizeram esta escolha muito mais pela falta de opção do que convicção. E nesse aspecto, a grande maioria não queria mesmo votar em Aécio por uma razão muito simples, já tinha experimentado a governança tucana por doze anos e, então, neste caso a sua campanha não significava mudança de jeito nenhum. Tanto é que em Araxá, por exemplo, provavelmente a maioria dos eleitores de Marina (13,14%) no primeiro turno migraram para Dilma e não para Aécio no segundo, o que poderia explicar em parte porque a diferença entre os dois ficou 5,84% menor, caindo de 4.183 votos (7,62%) para 996 (1,78%). Outra forte suposição é a de que apesar de ter deixado o PT há alguns anos, o perfil de Marina remete muito mais ao seu antigo partido do que ao PSDB e até mesmo ao PSB. O apoio dela ao tucano pareceu de certa forma inverossímil, por mais que dissesse o contrário.

 

Aécio também envergou algumas bandeiras que não colaram, uma delas é postar-se como o arauto do fim da corrupção, como se não tivesse nada mesmo que o desabonasse. Ele inclusive demagogicamente chegou a dizer num debate que para acabar com a corrupção era só tirar o PT do poder, querendo jogar a primeira pedra que não tinha nas mãos. Outro fiasco foi querer fazer-se de vítima das agressões verbais dos petistas como se estivesse isento, apesar do claro baixo nível não só de uma, mas das duas campanhas. Ele também não conseguiu livrar-se de todo da expressão irônica que estampava algumas vezes nos debates, levando os mais fisionomistas a duvidarem da sua sinceridade ao entrever certo cinismo. Às vezes, ele parecia autêntico, noutras perverso, arrogante, qual seria a sua face preponderante? E ainda faltou substância no discurso do ex candidato que não enfatizava novas propostas convincentes e, quase no fim da corrida, apresentou um plano de governo que justamente pela pressa não convenceu independentemente do conteúdo que pouquíssimos eleitores devem ter assimilado. Ele mais acusava o PT ou assegurava que daria continuidade aos programas sociais do opositor, do que representava de fato a renovação.

 

E ao invés dos tucanos adotarem uma postura democrática, de oposição inteligente, embora Aécio tenha feito um discurso nesta direção logo pós o resultado das urnas, insistem em dizer que o país está dividido. Mas, o PT e o PMDB que são situação continuam a ter as duas maiores bancadas do Congresso Nacional e vão acabar chegando a um entendimento, no mais, não dá nem para considerar as observações preconceituosas, até porque todo mundo sabe que Dilma ganhou no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e até numa região considerada tão conservadora como o Triângulo Mineiro. O número de abstenções, votos brancos e nulos que superam um terço do eleitorado brasileiro também não estão computados nessa conta. O politicamente correto seria assegurar ao brasileiro que independentemente da derrota os partidos passariam a somar na direção das esperadas mudanças sinalizadas pelo resultado eleitoral. Nesse aspecto, Dilma acertou em cheio no discurso proferido logo após o resultado eleitoral, quando disse que entendeu o recado das urnas e que neste segundo mandato conduziria as tão cobradas mudanças, como as reformas política e tributária. Agora, resta ver para crer, até porque não depende só dela.

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Clarim
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