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EDITORIAL - O jogo de xadrez
25/11/2014, às 05:30:20

O prefeito Aracely de Paula tem razão ao dizer que montar o secretariado é um exercício de estratégia, como num jogo de xadrez. Até o momento, levando-se em conta os secretários anunciados e os convites já feitos, Aracely tem demonstrado ser um bom jogador. As principais jogadas dele tem sido blindar esse time das ingerências políticas, conhecer e dosar devidamente o peso de cada pasta, não fazer as nomeações de forma atabalhoada e, especialmente, exigir competência e dedicação exclusiva. Quando possível, ele tem buscado aliar os critérios técnicos e políticos, mas para bom entendedor, não aceitará imposições partidárias.


Diplomaticamente, quando questionado se não vai procurar os políticos que o apoiaram para compor o governo, Aracely responde que já têm conversado sim. O que ele quer dizer é que tem ouvido e avaliado as sugestões, mas a escolha é do prefeito. Muitos esperavam que nesse aspecto ele continuasse uma prática que tem feito muito mal para a administração municipal, a de priorizar os critérios partidários na composição dos governos, de forma a lotear os cargos comissionados que são em torno de 260 - de supervisores a secretários - como moeda de troca por apoio eleitoral. Para não falar dessa prática em relação aos contratados que senão fosse o Ministério Público (MP) continuariam a superar em muito o número de concursados na prefeitura, de forma a influírem na disputa política. O prefeito deve mesmo avaliar as indicações de aliados, porém não pode deixar que eles imponham condições de forma a fatiar o governo a ponto de impedir que faça uma boa administração.


Outro cuidado essencial, principalmente em relação aos secretários e assessores que são os melhores salários da prefeitura, é escolher pessoal preparado para a função, seja em relação ao conhecimento, ao devido trato com o que é público, à ética, educação e convivência. Chega de gente liderando sem um pingo de preparo, o que não só coloca em risco o próprio prefeito, como todos os que os cercam e ainda obstrui o bom andamento dos projetos e ações. Ainda mais para quem tem só a metade do mandato a cumprir, ou seja, dois anos que vão passar voando, o amadorismo significa literalmente desperdício e atraso. Além do mais, naturalmente que Aracely com tanto entusiasmo parece buscar os melhores, capazes de ajudá-lo a obter um bom resultado em tão pouco tempo que praticamente o credencie a disputar a permanência no cargo em 2016.


Outro perigo é o céu da política que muda a cada pleito, ou seja, os aliados de hoje podem ser os concorrentes de amanhã e Aracely está escolado demais nisso, tanto que também tem destacado a confiança como fundamental nessas escolhas. Realmente, não poderia ser diferente, o próprio nome já diz “cargo de confiança”. No entanto, na prática às vezes não é assim e, por isto, é preciso pesar muito bem o histórico e a história de vida de cada escolhido, especialmente se é transparente ou não.


O prefeito também pretende fazer uma minirreforma administrativa que pode ser mais uma jogada de mestre se for bem pensada. Atualmente, o organograma da prefeitura prevê 13 cargos em nível de primeiro escalão, com salários de R$ 12,5 mil por mês. O que não é muito para um bom profissional que tem que deixar seus negócios ou empresa de lado e se dedicar exclusivamente à atividade pública, inclusive expondo a sua imagem. E deve obter resultados que justifiquem o seu salário, a relação custo/benefício deve compensar para o município. Também é acertada a decisão de dividir secretarias mais pesadas porque têm muito mais servidores sob a sua responsabilidade, a exemplo da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, como já fez Aracely. Nesse sentido, outra proposta é a de dividir a Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão que também é pesadíssima, basta considerar de um lado a administração dos cerca de 4 mil servidores e de outro todas as receitas e despesas do município estimadas em R$ 250 milhões por ano.


Assim, ele vai mexendo as peças conforme a sua estratégia de governo e, além de dividir, pode inclusive somar. Será que a recém criada Secretaria de Esporte e Juventude que nunca funcionou a contento não poderia estar afeta à Secretaria Municipal de Educação, por exemplo? O prefeito também anunciou a sua intenção de criar a Secretaria Municipal de Governo, tipo um Gabinete Civil, que estaria subdividida em áreas distintas como o próprio Gabinete, a Comunicação e o Jurídico. Enfim, uma boa proposta para estruturar o que hoje está bem disperso, principalmente em assessorias isoladas, ou seja, muitos assessores praticamente de si mesmos e sem resolutividade. A transição atípica acaba sendo possibilidade de xeque, porque Aracely pode estruturar gradativamente uma nova administração a partir dos 6,5% de cargos de confiança, ou seja, colocando nas chefias gente capaz e até mesmo de carreira, conhecedora da sua função e merecedora do crédito.


Ele não pode contratar como dantes, quando o número de contratados superava em muito o de concursados na contramão da lei. Então, primeiro terá que avaliar o que já existe e, se houver necessidade de contratar, terá que ser temporariamente até a realização de um novo concurso público. Como ele diz, o diagnóstico correrá paralelamente à estruturação do governo que espera concluir em até cinco meses, preparando-se para um possível xeque-mate.

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Clarim
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