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Queijo Araxá pode virar patrimônio mundial
25/11/2014, às 05:57:38

 

Aconteceu ali, na Europa. Ele é um dos maiores especialistas em queijos da Itália, um dos fundadores do movimento Slow Food e ficou encantado com o Queijo Minas produzido de forma artesanal, dentre eles, o da região de Araxá. Ele é Piero Sardo que afirmou ao jornal Estado de São Paulo em megaevento realizado na cidade de Turim, na semana passada, o tradicional Salone del Gusto, com mais de 249 mil participantes, que sua instituição irá pedir à Unesco o tombamento dos queijos de leite cru do Brasil como patrimônio cultural imaterial da humanidade. A proposta deste encontro e do Slow Motion é valorizar tradições culinárias regionais, o resgate e preservação de produtos tradicionais como os nossos queijos que tiveram papel de destaque nesta feira. Para se ter ideia da importância do Salone, ele se realiza a cada dois anos e vem promovendo mostras significativas da diversidade culinária de todos os continentes. Para Calimério Guimarães, diretor do escritório seccional do IMA - Instituto Mineiro de Agropecuária em Araxá, pesquisador e entusiasta sobre o queijo mineiro, esta é mais uma forma de incentivo para os produtores locais. Ele chama a atenção para a fabricação deste tipo de queijo: o modo de fazer nada industrial, de modo artesanal e que procura valorizar e fixar a família na área rural e a gastronomia. Enfim, eis, em sua opinião um produto que faz parte da cultura tradicional e que ao longo da história fez girar a economia local.


Programa comemora 12 anos
O Programa Queijo Minas Artesanal tem 12 anos de existência. Criado pelo governo do Estado procura assegurar aos pequenos agricultores produtores de leite mais uma alternativa para a comercialização e melhoria de seu produto, através de certificação de origem e qualidade. Há diferentes tipos de Queijo Minas Artesanal - Araxá, Campos das Vertentes, Canastra, Cerrado e Cerro. Cada um com características próprias, textura e sabores típicos. O de Araxá em relação aos outros é de sabor mais suave, claro e amanteigado. Pois bem, e quanto à sua comercialização? Embora haja legislação estadual que caracterize e reconheça o Queijo Minas Artesanal, há obstáculos nas leis brasileiras que dificultam a vida de nossos queijos. Há uma lei de 1952, ainda em vigor, que proíbe a venda interestadual de queijos de leite cru com prazo de maturação inferior a 60 dias. Mas, em agosto de 2013, o Ministério da Agricultura instituiu norma que reduz o período de maturação para 17 a 22 dias, permitindo a comercialização para outros Estados, desde que as queijarias sejam situadas em região de indicação geográfica, IG, e em propriedades certificadas. O que para muitos especialistas no assunto, complexo por sinal, é uma forte ameaça a este produto tão genuinamente brasileiro. Apesar de a legislação limitar a fabricação de queijos, a comercialização informal do produto continua firme. Segundo Calimério Guimarães, há em Minas cerca de 30 mil produtores de queijos artesanais e 10 mil na região de Araxá, mas só 24 estão cadastrados junto ao IMA. Porém, em sua opinião, muitos fazendeiros se preparam para a adequação de normas do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi). Com isso, a comercialização do queijo em outros estados se torna cada vez mais uma realidade.

 

 

Novos estudos
A região identificada como produtora de Queijo Minas Artesanal Araxá é formada por 10 municípios: Araxá, Campos Altos, Conquista, Ibiá, Pedrinópolis, Perdizes, Pratinha, Sacramento, Santa Juliana e Tapira. A produção mensal é de 15 toneladas. Muitos estudos estão sendo realizados sobre o processo de fabricação tendo em vista características peculiares do local de origem. Recentemente, o IMA, a Associação dos Produtores de Queijo de Araxá e a Universidade Federal de Minas Gerais firmaram acordo para desenvolver estudo para a verificação do tempo ideal de maturação do Queijo Minas Artesanal de Araxá, a fim de atender a legislação vigente. Assim que terminar e comprovarem técnica e cientificamente a eficiência do tempo de maturação, que segundo o veterinário Calimério pode chegar a 7 dias, a comercialização poderá ser bem mais ampla e o produtor irá se interessar mais ao oferecer um produto seguro ao consumidor. Enquanto isso, o produtor rural Alexandre Honorato aposta no futuro e investe muito em Araxá em local apropriado para produzir e armazenar queijos artesanais a fim de comercializá-los para outros Estados. E o que é mais importante: seu produto não precisa passar pelo único entreposto reconhecido pelo Ministério da Agricultura, em Medeiros, pois já possui certificado do Sisbi. Sua produção hoje chega a 200 queijos por dia.


Arca do gosto
As principais iniciativas deste Encontro em Turim foi promover o trabalho de pessoas motivadas pelas mesmas causas em comum que é a produção de alimentos por paixão à terra, a difusão de conhecimentos e técnicas locais e a transmissão de receitas de geração a geração. Sendo assim, o movimento Slow Motion desenvolveu o projeto Arca do Gosto que cataloga produtos, receitas e rituais de preparo de alimentos tradicionais. O Queijo Minas Artesanal de Araxá foi um dos escolhidos, entre outros produtos brasileiros, para integrar o catálogo. Neste sentido, esta entidade vem realizando importantíssima pesquisa para mapeamento da produção artesanal no Brasil. Esta iniciativa vem despertar mais uma vez o interesse pelo excelente queijo produzido por aqui. Em certos casos para expandir nossos horizontes é necessário olhar para perto e perceber o descaso de alguns brasileiros em relação aos nossos produtos ao acharem que o que bom é somente o queijo europeu. Ledo engano, pois o mercado condicionado a alguns tipos de queijo mundo afora vem mudando e já conheceu e aprovou nossa iguaria tão genuinamente regional.

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Clarim
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