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O arraigado corporativismo do Poder Legislativo prevalece mais uma vez, com a provável reeleição do presidente da Câmara Municipal por mais dois anos na próxima terça-feira, 2. Noutros tempos políticos, essas disputas pela presidência eram muito acirradas e anuais, às vezes decididas momentos antes da votação. E pouco tempo depois da eleição da mesa diretora, a próxima já estava em discussão, o que ocorria talvez em função de um equilíbrio maior das forças políticas na Casa. Atualmente, a Câmara tem sido praticamente hegemônica. O último presidente da Casa, vereador Carlos Roberto Rosa, permaneceu no cargo por quatros anos e, o atual, vereador Miguel Alves Ferreira Júnior, deve bater o mesmo recorde se for reeleito na próxima semana, como tudo indica.
É inquestionável que os dois são veteranos no parlamento e sabem como poucos defender os interesses dos vereadores e não contestá-los na medida do possível, porque nessa eleição a conquista é pelo voto de cada colega. A população normalmente é alheia ao processo e apenas informada do calculado resultado. Uns aliados são mais batalhados e outros no jargão aderem à determinada candidatura até por osmose. É tão fechada e cheia de melindres essa disputa que embora hoje em dia a votação seja aberta, não faz muita diferença porque poucos sabem o que foi conversado nos bastidores com cada um. Aparentemente, Roberto foi reeleito porque conseguiu dar início à construção da sede da Câmara e nada melhor e até mesmo justo do que continuar na presidência para concluí-la. Da mesma forma, Miguel parece estar sendo reconduzido ao cargo devido à necessidade de terminar a reforma administrativa que iniciou na Casa com a posse dos concursados e também porque pesou o seu desempenho como prefeito interino durante três vezes este ano, de certa forma favorável aos colegas.
Como dizem “o plenário é soberano”, portanto nada tem impedido que essas gestões sejam até de quatro anos, o que depende principalmente da capacidade de quem já ocupa a presidência em convencer a maioria dos demais sobre o que deve prevalecer. Como são os vereadores que legislam, a exemplo dos demais parlamentos existentes no país, é impossível serem imparciais quando seus interesses estão em jogo devido à própria natureza humana. Assim como cada um que está de fora desse processo tem o seu ponto de vista sobre o resultado, nada isento dependendo do nível de sua relação com o Poder Legislativo. Geralmente, as pessoas estão muito distantes do que acontece na Câmara ou perto demais direta ou indiretamente.
Além do histórico político, a transição no Poder Executivo também facilita a reeleição de Miguel como presidente. A Câmara não quer se arriscar diante do desconhecido, o governo municipal está muito incipiente para dar qualquer pista sobre como vai se desenrolar até a outra eleição municipal que é a mais importante para os vereadores. Seja para quem tem a pretensão de se recandidatar a vereador ou até para quem não tem como é o caso do Miguel, que fez questão de deixar claro para os colegas que não disputará uma cadeira no Legislativo em 2016, ou seja, não concorrerá com eles. No entanto, nada indica que a sua intenção seja a de deixar a política, pelo contrário. Independentemente de qualquer pretensão, como de praxe o novo prefeito Aracely de Paula terá uma trégua de pelo menos cem dias para delinear a sua administração, período em que contará com mais apoio e praticamente nenhuma crítica ou oposição na Câmara. Passados esses três meses, o prefeito deve estar preparado para conquistar e manter maioria na Casa, o que se torna cada vez mais difícil com a proximidade de mais um pleito municipal.