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O governo municipal mudou atipicamente, mas as demandas da população continuam as mesmas. No entanto, é de praxe que numa transição de governo - ainda mais fora de época como essa - exista certa complacência nos 100 primeiros dias para a retomada da normalidade quanto ao funcionamento da máquina pública. Inclusive em relação às obras em andamento, embora a conclusão destas naturalmente seja um compromisso de quem assume a responsabilidade de administrar o bem público, a não ser que não sejam do interesse coletivo ou mesmo viáveis sob o ponto de vista econômico, o que parece não ser o caso das de Araxá. Já essa compreensão da espera no que se refere às iniciativas do novo governante é até maior, porque a ansiedade geral concentra-se na retomada do dia a dia da prefeitura.
A suspensão mesmo que temporária e segmentada de uma administração com receita anual de R$ 252 milhões (número estimado quanto à arrecadação municipal de 2014 que se fecha agora em dezembro) e com cerca de 4 mil servidores municipais, de qualquer forma impacta fortemente no cotidiano da população como um todo, desde a ponta. Passados os primeiros 30 dias do atual governo, completados no último dia 13, ainda é grande a expectativa porque tem sido priorizado o básico, ou seja, o pagamento do funcionalismo, das rescisões contratuais e dos serviços já prestados, com prioridade para as áreas de educação e saúde. Portanto, ainda não foi substituída a grande maioria dos cargos comissionados que ficaram vagos com a saída do governante anterior e nem contratadas novas despesas, sem falar que muitos gastos comuns a essa época também não acontecerão este ano. Se a prefeitura tem uma receita em média de R$ 20 milhões por mês, é possível imaginar que este fim de ano tem sido muito mais difícil para boa parte da população.
Uma pressão que aumenta gradativamente na medida em que se esgota esse período de 100 dias. Então, deve ser uma meta fazer o dever de casa enquanto é tempo, ou seja, a minirreforma administrativa para que seja recomposto o quadro de pessoal o mais rápido possível e as necessárias licitações para a retomada do consumo e do investimento que fazem o dinheiro circular na economia local, sendo que demandam no mínimo uns 45 dias se correr tudo bem. Especialmente, com atenção às micro e pequenas empresas que no conjunto são as que mais empregam e com a falta de perspectivas deste fim de ano terão que se superar. O contexto recessivo de Araxá soma-se à conjuntura econômica nacional que não anda nada bem e, além do mais, tanto os Estados quanto a União também passam por esse período de transição de gestões. A expectativa otimista é a de que nesses 100 dias pelo menos em Araxá tudo esteja encaminhado para que a partir do final de fevereiro boa parte das novas medidas e planos do governo municipal realmente esteja em andamento.
Uma das maiores críticas à gestão municipal anterior era a de justamente impor um trato ao dinheiro público como se fosse da iniciativa privada, apesar de existir uma fundamental diferença: a meta. O que é público não pode ser economizado visando o lucro, pois quanto mais se movimenta a economia local maior o retorno para a administração municipal, inclusive em relação à satisfação popular que é a finalidade precípua. Assim, se a iniciativa privada estiver consolidada, gera mais renda e empregos. A lógica é muito simples, mas nem sempre vista pelos governantes. Por exemplo, o custo benefício de uma terceirização ou não na administração pública não deve ser analisado através de uma matemática simples, porque o barato pode sair muito caro. Quantas frentes de obras foram abertas na cidade e, no entanto, na ânsia de serem tocadas pela própria prefeitura não cumpriram o cronograma previsto inicialmente? E até nas que assim foi possível concluir, como no caso da av. Antônio Carlos e do calçadão, a falta de qualidade é evidente e já trouxe prejuízo.
O não andamento de um dos projetos que mais consumiu recursos públicos na administração municipal anterior que é o da Cidade Tecnológica também se reflete na falta de investimentos na economia local. Afinal, é um passivo a ser resolvido de mais de R$ 16 milhões considerando-se os R$ 3 milhões investidos para a aquisição do Hotel Colombo, outros R$ 3 milhões na desapropriação de uma área na BR 262, os R$ 10 milhões destinados ao projeto pelo governo do Estado e ainda outros recursos, como a reforma para a implantação de mais uma unidade da Uaitec na cidade. O que foi pensado para o incremento da atividade econômica do município, nem mesmo foi encaminhado porque não há nada de concreto para ter continuidade.
Se houver no mínimo uma regularidade no andamento da máquina administrativa a partir de 2015, a população agradece depois destes conturbados dois anos em que apesar de tão fundamental a Prefeitura de Araxá retrocedeu na sua participação e presença junto à economia local. Nessa altura, se for restabelecido o básico já está bom demais. Inclusive porque dos dois anos que a atual gestão tem pela frente, um é de eleições municipais, ou seja, prenúncio de mais um período difícil até para manter o que já estiver encaminhado em função das restrições legais e da própria política.