Que mudanças um presidente deve fazer para acabar com a pobreza e a distância que separa os muito ricos dos muito pobres? Tomando dos ricos e dando para os pobres! É com esse pensamento simplista que Hugo Chavez, presidente da Venezuela, vêm governando o seu país, desde que foi eleito há mais de 11 anos.
Chavez, que prometeu beneficiar os pobres quando foi eleito em 1998, tem feito mudanças radicais em seu país. Ele nacionalizou companhias elétricas, tomou o controle dos projetos envolvendo petróleo do país, fechou um canal de televisão por criticar seu governo, e passou a controlar centenas de outros negócios, como grandes fazendas e firmas de construção. Alguns proprietários receberam alguma idenização; outros, não receberam nada.
Muitos venezuelanos de classe média-alta e alta têm deixado o país. Tive a oportunidade de conhecer a filha de um ex-membro do governo venezuelano em uma das escolas onde trabalhei. Ela me relatou que seu pai havia sido expulso do governo por não pertencer a equipe de Chavez, e que a família não teve outra saída a não ser recomeçar a vida em um outro país. A família abandonou suas posses na Venezuela e partiu para os Estados Unidos. Que governo é esse que os cidadãos são forçados a abandonar seu próprio país?
O parlamento venezuelano deu a Hugo Chavez, em dezembro de 2010, amplos poderes para governar por decreto pelos próximos 18 meses! Isto significa que Chavez pode legislar nas áreas de moradia, infraestrutura, terras urbanas e rurais, finanças, entre outras áreas, sem necessitar da aprovação do congresso. Mais um golpe na democracia!
Em dezembro de 2010, o jornal The New York Times divulgou a última de suas ‘soluções’ para a pobreza: Chavez pode desapropriar o Country Club da capital de Caracas para construir casas para a comunidade pobre.
Mesmo com o petróleo venezuelano responsável por cerca de 90% da economia do país, a distância entre pobre e ricos ainda é enorme. As medidas radicais que Chavez implementou não eliminaram a pobreza, miséria, violência, e desemprego.
Chavez quer governar Venezuela seguindo o modelo socialista marxista. A história, entretando, mostrou que esse modelo não deu certo. Mas, pelo jeito, Chavez não sabe disso. E a democracia? Como é possível viver em um país em que ter dinheiro e posses não é visto como algo positivo? A meu ver, Chavez deveria estar fazendo o contrário: incentivando o povo da Venezuela a ascender a escala social, e talvez um dia, quem sabe, ser um membro do Country Club. Por que não? O que é errado e negativo é não ter condições de levar uma vida digna como cidadão. Existem outras formas de combater a disparidade entre ricos e pobres, sem ter que desrespeitar os direitos privados dos cidadãos, como investimento na economia através do livre mercado, abrindo as portas para empresas privadas, e deixando espaço para investimentos internacionais; também investindo na qualidade da educação e na melhoria de escolas e universidades. Governar por decreto, tomar a posse de propriedades privadas e não permitir que a oposição se manifeste vai contra qualquer pensamento democrático. E uma nação só se realiza se for através da plena democracia. O Brasil, que viveu mais de 20 anos na ditadura, sabe bem isso!
Denise M. Osborne é araxaense, doutoranda pela Universidade do Arizona (USA) em aquisição de segunda língua, e professora de português pela mesma universidade. [email protected]
