A partir de recentes episódios marcados por atitudes extremistas dos poderes Legislativo e Executivo, é possível fazer uma clara leitura da ultrapassada política que emperra o desenvolvimento de Araxá não é de hoje. De um lado, a oposição ao governo municipal que chega a criticar por criticar, parece torcer para nada dar certo mesmo contrariando os interesses da cidade. Do outro lado, a situação responde à altura e age sem medir as possíveis consequências desse embate que chegam a ser desastrosas para a coletividade.
Mesmo depois da realização de uma audiência de conciliação pela Justiça que culminou no compromisso firmado entre o Ministério Público (MP) e a Prefeitura de Araxá para que o concurso público seja realizado em no máximo seis meses, a Câmara Municipal preferiu ignorar o fato. Como se ainda existissem todas as dúvidas de dantes, não fosse uma ação civil pública (à disposição para consulta de qualquer cidadão) e nada estivesse caminhando, um Fórum Comunitário foi marcado a pedido da oposição e realizado nesta segunda-feira, 5, numa redundância danada.
Não conseguiram lotar o plenário como queriam e, pelo contrário, para quem é bem informado ficaram evidentes outros objetivos que não se referiam à realização do concurso público. Tanto que justamente para não cair no vazio, o promotor Marcus Paulo Queiroz Macêdo declinou do convite para participar do fórum e, em ofício à Câmara Municipal com cópia da decisão judicial em anexo, disse que achava desnecessária a sua presença diante do ajuste já feito com a Prefeitura de Araxá. Mas a oposição insiste na história do concurso público para de novo fazer chover no molhado como em outras ocasiões, pois tudo é argumento para questionar a administração municipal.
Já na terça-feira, 6, depois das atitudes do prefeito Jeová Moreira da Costa em decorrência da não apreciação da suplementação de 12,5% ao orçamento de 2011, os vereadores chegaram a armar o pedido de cassação dele através da instalação de comissão processante (CPI). Como se isso em nada afetasse o progresso da cidade, não fosse realmente paralisá-la até a realização do pleito de 2012, pois é tudo o que mais quer a afoita oposição dos vereadores, em detrimento da cidade.
Além do mais, os vereadores aprovaram somente 2,5% de suplementação. O agravante é que os recursos que o prefeito usaria se tivesse a suplementação são da população e seriam aplicados a favor dela. O que não tem sido possível por causa do modo de fazer política da Câmara Municipal. Para se ter ideia da “pressa” dos vereadores em cooperar com as ações da administração pública, o projeto do Executivo pedindo a suplementação de 12,5% estava tramitando há um mês, desde 8 de agosto passado. Para depois ser aprovado reduzido aos ínfimos 2,5%, diante do tamanho do orçamento municipal, calculados sob R$ 143 milhões.
A comunidade inteira está reconhecendo o bom trabalho da administração municipal realizado em menos de três anos, mesmo com essa oposição política que preferia enterrá-la durante os quatro anos da gestão do prefeito Jeová. É verdade que ele continua pecando muito em comunicação, relacionamento e política, mas o que não justifica de forma alguma o atraso que tentam impingir à cidade.
Todos os administradores anteriores tiveram mais do que a suplementação pedida pelo atual que ainda tem o argumento de ter um orçamento bem maior, superavitário e que necessita desta flexibilidade. Eles não tiveram contra si esse blá blá blá injusto dos vereadores sobre onde serão aplicados os recursos da suplementação, o que se for tão especificado como querem engessará a administração de outro modo e também prejudicará toda a cidade.
Araxá nunca esteve tão limpa, bem sinalizada, com tantas importantes obras concluídas e em andamento, em tão curto espaço de tempo. No fundo, parece ser essa a causa de tanta contrariedade política que faz mal à cidade que faz bem.
Editorial do Jornal Clarim de 9 de setembro de 2011