Truvinca e Grupo marcam presença no Projeto Sonora Brasil do Sesc

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   A sanfona de oito baixos é um dos instrumentos mais identificados com a cultura nordestina, onde também é conhecida, dentre outros nomes, como pé-de-bode. O instrumento está diretamente relacionado à tradição oral, e sua afinação, conhecida como afinação transportada, teve sua forma original diatônica modificada ao longo do tempo a partir da ação dos próprios músicos, que buscavam ampliar suas possibilidades melódicas. A carência de pesquisas deixa muitas dúvidas quanto a sua história na região nordeste, mas estima-se que sua chegada tenha ocorrido ainda no século XIX, com os imigrantes portugueses.
   Nos estados dessa região, além de grandes instrumentistas como Arlindo dos Oito Baixos, Zezinho Calixto, Camarão e outros, são encontradas várias “orquestras sanfônicas” que reúnem grande número de sanfoneiros e se apresentam em eventos dos mais variados. Esses grupos normalmente realizam repertórios de músicas consagradas no meio popular e seus integrantes são músicos que não desenvolvem carreira solo de grande repercussão, mas que cumprem importante papel no processo de valorização e divulgação do instrumento. Mas a música de tradição que formou as bases da cultura musical da região está presente na prática dos grandes mestres da sanfona que, distantes do estrelato, mantêm vivo esse repertório.
   Heleno Pereira dos Santos, o Truvinca, é um desses grandes mestres que compreende a importância da preservação e difusão do repertório tradicional tão representativo do desenvolvimento da música nordestina, mas é ainda pouco conhecido. Com sua técnica apurada e domínio pleno do repertório, empenha-se em manter um estilo interpretativo, fiel às formas originais. Truvinca viveu duas décadas no Rio de Janeiro, trabalhando durante o dia em empregos formais e dedicando suas noites ao ofício de sanfoneiro. Ele se apresenta no Sonora Brasil acompanhado de Alex da Zabumba e Paulinho do Triângulo, uma formação tipicamente nordestina.

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Sonora Brasil
   O Sonora Brasil – Formação de Ouvintes Musicais é um projeto temático que tem como objetivo desenvolver programações identificadas com o desenvolvimento histórico da música no Brasil.
   Pela primeira vez, em sua 14ª edição, o projeto apresenta dois temas – Sotaques do Fole e Sagrados Mistérios: vozes do Brasil – que serão desenvolvidos no biênio 2011/2012, com a participação de quatro grupos em cada tema.
   Em 2011, o primeiro tema circula pelos estados das regiões Sul e Sudeste, enquanto o segundo segue pelos estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Em 2012, na 15ª edição, procede-se a inversão para que os grupos concluam o circuito nacional. Com essa nova metodologia, o projeto passa a ter um planejamento bienal, contando com a participação de oito grupos, em circuitos com duração de aproximadamente 70 dias em cada ano.
   Sotaques do Fole apresenta o acordeão em suas variantes regionais ligadas à tradição oral, trazendo a gaita-ponto, com o músico Gilberto Monteiro (RS), a sanfona de oito baixos, com o músico Truvinca (PE), e o acordeão de 120 baixos, com Dino Rocha (MS). Fazendo um contraponto com a tradição oral, o projeto traz o duo de acordeões Ferragutti/Kramer, que apresenta composições modernas e contemporâneas relacionadas à música de concerto e a outras formas ligadas à vertente acadêmica.
   Em cumprimento à sua missão de difundir o trabalho de artistas que se dedicam à construção de uma obra de fundamentação artística não comercial, o Sonora Brasil consolida-se como o maior projeto de circulação musical do país. Em 2011, são 420 concertos, em 110 cidades, a maioria distante dos grandes centros urbanos. A ação possibilita às populações o contato com a qualidade e a diversidade da música brasileira e contribui de forma significativa para o conjunto de ações desenvolvidas pelo SESC visando à formação de plateia. Para os músicos, propicia uma experiência ímpar, colocando-os em condição privilegiada para a difusão de seus trabalhos e, consequentemente, estimulando suas carreiras.
   O projeto Sonora Brasil busca despertar no público um olhar crítico sobre a produção e sobre os mecanismos de difusão de música no país, incentivando novas práticas e novos hábitos de apreciação musical, promovendo apresentações de caráter essencialmente acústico, que valorizam a pureza do som e a qualidade das obras e de seus intérpretes.

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