Editorial

Prejudicial descontinuidade

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Mais um ano de Eleição Municipal e as principais propostas de obras, serviços e demais projetos dos pretensos candidatos à Prefeitura de Araxá vão se repetir demonstrando o mal da descontinuidade na administração pública.

Enquanto municípios vizinhos crescem ao desarmarem os palanques depois de cada pleito em busca de união em torno dos interesses da coletividade, a política do contra ainda prevalece prejudicando Araxá.

Importantes ações foram interrompidas e nem mesmo iniciadas no decorrer das nove gestões municipais que se sucedem desde a promulgação da Constituição Federal de 1988. Na gestão do ex-prefeito Waldir Benevides de Ávila foi feito o primeiro Plano Diretor (PD) de Araxá em 1990 e depois reelaborado em 2002. Porém, desde então o plano vem sendo modificado pelas classes política e empresarial sem a observância de preceitos fundamentais, sejam técnicos ou de participação popular.

A falta de preservação das minas d’água no perímetro urbano e de saneamento básico, a inadequação da Lei de Uso e Ocupação do Solo, o descumprimento do Código Ambiental, dentre outros são atuais exemplos. Nesta gestão, a revisão do Plano Diretor depois da última realizada em 2010 iniciou-se há mais de dois anos pelo IPDSA e ainda está em andamento.

Hoje, a maioria das minas d’água foi canalizada com surgimento de loteamentos irregulares sem a observância da implantação de infraestrutura básica pelo empreendedor, cujo custo acaba sendo da prefeitura, ou seja, da população. No decorrer desse tempo, o próprio poder público municipal doou áreas sem qualquer infraestrutura básica para a população deixando o ônus para a próxima gestão sucessivamente, a exemplo de muitos loteamentos que se tornaram bairros e hoje ainda existem moradores sem a devida escritura.

Com o passar dos anos surgem outros problemas como áreas invadidas e erosões em vários setores do município que continuam a afetar a população.

E não é só a canalização aberta dos córregos Grande e da Galinha que volta aos discursos políticos na campanha eleitoral de 2024. Outros desafios continuam sem solução como a falta de representatividade do município junto às esferas estadual e federal que o faz até hoje ser submetido às superintendências regionais de Saúde e Educação de Uberaba, dentre outros.

Como a implantação de uma universidade federal na cidade autorizada pelo ex-presidente José Sarney desde 1986 e ainda está a ser realizada. A disponibilização de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal no município também continua como promessa de campanha. Assim como a expansão da prestação dos serviços públicos de alta complexidade para evitar o significativo Tratamento Fora de Domicílio (TFD) que ainda persiste.

O que demonstra que se não fosse omissão, o antagonismo e a ingerência política a influir na gestão da cidade nestes anos todos realmente estaria noutra condição como município polo regional em vários segmentos.

Ao exemplo de Patos de Minas, Patrocínio e Ituiutaba que vêm se desenvolvendo com ritmo sem necessidade de solução de continuidade em prol da coletividade. Mas Araxá que tem uma robusta arrecadação ainda significativamente depende do setor da mineração e metalurgia acomodando-se em relação à necessidade de diversificação da economia. A distribuição mais justa de renda é outro crescente problema na medida em que o município não tem mão de obra para ofertar ao mercado de trabalho e os que chegam de fora para trabalhar têm importantes demandas como moradia, saúde e educação.

A dificuldade da administração municipal quanto à efetiva política de preservação e valorização do seu patrimônio histórico-cultural, à limpeza da cidade, ao cuidado com a paisagem urbana também perdura de eleição em eleição. Um círculo vicioso que faz a prefeitura sempre correr atrás dos mesmos problemas a cada ano indefinidamente.

Embora tenham surgido projetos que fariam Araxá pioneira no desenvolvimento sustentável do decorrer dessas décadas como o Plano Municipal de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos desenvolvido em parceria com o governo do Estado em 2005 e depois engavetado. O problema continua depois de tantos anos agora com a designação do lixo urbano para Uberaba sem aproveitamento via empresas de reciclagens da cidade.

O eleitorado não vê ou mesmo se preocupa com essas questões de gestão que levam o município ao crescimento ordenado e sustentável através da continuidade de necessárias ações de governo. Outro problema é a terceirização de serviços básicos como tapa-buracos, recapeamento, capina, limpeza, sem devida retaguarda do município que hoje não tem frota, equipamentos e recursos humanos próprios para que não sejam interrompidos a cada licitação.

Assim como boa parte da assistência social é terceirizada através de recursos não só do município como de isenções fiscais que vão para os fundos municipais como os da Criança e do Adolescente e do Idoso e são repassados às entidades filantrópicas.

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