Narguilé, um cachimbo de água usado para fumar, tem se tornado um fenômeno entre os jovens. De origem árabe, o narguilé envolve fumar tabaco que foi misturado com sabores aromáticos e filtrado pela água, aspirando a fumaça por uma mangueira. A prática do narguilé se dá de forma comunitária, isto é, a mangueira é passada a cada pessoa do grupo para todos inalarem.
A primeira vez que vi pessoas fumando narguilé foi em cafés árabes na cidade de Nova York. Seu uso, entretanto, tem ultrapassado as comunidades árabes e se espalhado entre jovens americanos, principalmente os universitários. A área onde moro, por exemplo, é universitária, e quando vou aos cafés sempre encontro usuários do narguilé. No Brasil, o seu uso também tem crescido entre jovens. Em Araxá, é também possível encontrar o narguilé em festas frequentadas pelos jovens.
Por aqui, o narguilé, chamado de hookah (pronunciado ‘ruca’), tem atraído a atenção de estudiosos: por que o narguilé se tornou tão atrativo aos jovens? Fumar o narguilé é menos prejudicial do que o cigarro comum?
Um dos atrativos é o cheiro adocicado e aromatizado que o narguilé tem e que difere do sabor mais amargo do cigarro comum. Também existe a crença de que a água filtra todos os elementos químicos do tabaco, fazendo com que os usuários inalem muito menos fumaça. Além disso, existe o aspecto social e exótico do narguilé, usado em eventos sociais e confraternizações, que leva o jovem a acreditar que, o fato de usar o narguilé, digamos, somente uma ou duas vezes por mês, é muito menos prejudicial do que fumar diariamente o cigarro comum.
Outro fator que favorece o uso do narguilé entre os jovens é que ele é muito menos estigmatizado do que o cigarro comum. Nos Estados Unidos, por exemplo, as leis que banem o uso do cigarro nas universidades, muitas vezes não incluem o uso do narguilé.
Entretanto, em 2011, o jornal americano The New York Times trouxe uma má notícia para os amantes do narguilé: a crença de que o narguilé é menos prejudicial do que o cigarro comum não passa, na verdade, de mito. Uma sessão típica com o narguilé, que pode durar por volta de uma hora, equivale a inalar 100 cigarros ou mais, de acordo com um estudo realizado em 2005 pela Organização Mundial da Saúde. Este mesmo estudo revelou que a água filtra menos de 5% da nicotina. Além disso, a fumaça do narguilé contém alcatrão que pode causar o câncer de pulmão.
As más notícias não terminam por aí. A pesquisa também constatou que até mesmo o fumante passivo, como eu, quando vou tomar o meu café, pode ser afetado pelo monóxido de carbono, já que o tabaco é aquecido por carvão.
Outro fato perturbador da pesquisa é que, sendo o narguilé uma prática comunitária, onde todos fumam do mesmo cachimbo, a disseminação de certas doenças como a tuberculose e herpes tem sido associada a sua prática.
Aqui, nos Estados Unidos, as universidades têm tomado certas iniciativas para controlar o uso do narguilé, por exemplo, proibindo seu uso nos dormitórios e nas casas dos estudantes chamadas de fraternities. Certas universidades têm expandido as leis contra o tabagismo para incluir o narguilé.
Não sabemos se a divulgação de pesquisas, como a citada neste artigo, vai afastar o jovem do uso do narguilé, mas, com certeza, derruba certos mitos e falsas presunções.