Editorial

Cautela e caldo de galinha

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Em relação à anunciada exploração de terras raras em Araxá é como diz o ditado: “cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”. Esse assunto veio à tona de forma similar há 15 anos, quando a prefeitura tratou como se tivessem descoberto “ouro” no Barreiro. Nada mudou para a economia local de lá para cá, mas como mundialmente o assunto retorna à cena também desperta a atenção local.

Se fosse viável, era para esse tesouro em terras-raras existente no subsolo de Araxá já estar gerando importantes recursos não só para a iniciativa privada como poder público. No entanto, ainda hoje a China continua dominando 60% da produção global e 90% do refinamento de terras-raras. Outra questão é que a extração e o beneficiamento de terras-raras exigem complexos e caros processos por mais que a concentração das encontradas no município esteja entre as melhores do mundo.

Um exemplo é a cadeia do metal nióbio que desde a sua descoberta nos idos 1950, a extração e separação do mineral pirocloro até o seu efetivo processamento para a produção do ferronióbio e outras aplicabilidades se passaram 75 anos. Nesse período, a CBMM nunca parou de pesquisar visando às aplicabilidades do importante metal e novos mercados.

Tanto que as baterias de lítio com óxido de nióbio já representam 35% do seu faturamento. Assim como a companhia brasileira sediada em Araxá investe nas pesquisas para exploração de terras-raras que inclusive estão no rejeito da operação do nióbio, mas não adianta dominar o processo se ainda não é economicamente viável.

A sustentabilidade também precisa ser considerada, porque as terras-raras exigem grandes volumes de material para obtenção de pequenas quantidades dos elementos desejados como o neodímio. E existe naturalmente a preocupação sobre a localização da mina de terras-raras ora em estudo muito próxima ao Complexo do Barreiro com suas fontes hidrominerais. Um problema enfrentado nos idos 1980 em decorrência da mineração de fosfato e nióbio que já parecia superado.

Além do mais, o percentual da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) que incide sobre o mineral pirocloro estabelecido pela Agência Nacional de Mineração (ANM) e que retorna para o município é muito menor diante da contribuição do nióbio. Como é um produto com valor agregado, o nióbio representa cerca de 70% da arrecadação municipal de ICMS.

O histórico desse assunto recomenda prudência desde os idos 2009, quando o site WikiLeaks divulgou que Araxá por causa das minas de nióbio e terras-raras constava na lista secreta de locais sensíveis que os EUA desejavam “proteger”. Então, houve uma sucessão de informações e suposições sobre a exploração de terras-raras em Araxá.

Em 2011, o ex-prefeito Jeová Moreira da Costa anunciou que os metais de terras-raras seriam extraídos do rejeito da mineração realizada pela CBMM depositado em área da Codemig no Complexo do Barreiro pela empresa canadense MbAc. Inclusive, à época o prefeito também recebeu o principal executivo da empresa canadense TVX Gold, Eike Batista, quando juntos sobrevoaram o município.

Meses depois, o município cedeu para a MbBac uma área de 110 hectares no Km 677 da BR 262, sendo parte de uma maior desapropriada para a implantação da chamada Cidade Internacional da Inovação e Tecnologia de Araxá (Citat).

Na ocasião, o vice-diretor da MbAC apresentou a razão social da subsidiária criada no município – Araxá Mineração e Metalurgia. Porém, a iniciativa não saiu dessa fase e a área cedida deve ter retornado para o município e estar até hoje sem utilização.

Atualmente, a importância das terras-raras ressurge na discussão mundial, especialmente cobiçadas pelos EUA que dependem fortemente das importações, ao contrário da China que inclusive com sua expertise “vende o carro elétrico e não o imã”.

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