A Serra do Espinhaço Mineiro, no Norte de Minas, consolida-se como um hotspot de biodiversidade. Nos últimos meses, a região ganhou destaque no cenário científico internacional com a descoberta e descrição de quatro novas espécies de plantas, reforçando a urgência da conservação ambiental dos campos rupestres.
As descobertas evidenciam a riqueza da flora local e sublinham a importância das ações do Plano de Ação Territorial (PAT) Espinhaço Mineiro, que articula pesquisadores e gestores pela proteção do bioma.
Espécies únicas e vulneráveis
As novas espécies foram encontradas nas regiões de Monte Azul e Rio Pardo de Minas, abrangendo as Serras das Marombas e Serra Nova. Duas delas, de ocorrência extremamente restrita, são consideradas microendêmicas:
- Staelia fimbriata (Rubiaceae – família do café): Um pequeno arbusto adaptado aos solos arenosos e pobres, conhecidos como “areais”, encontrado na Serra das Marombas.
- Eriope carpotricha (Lamiaceae): Uma rara nova espécie de árvore, com tricomas únicos nos frutos, que vive em áreas de transição entre Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga, também da Serra das Marombas.
As outras duas espécies foram registradas na Serra Nova:
- Wedelia riopardensis (Asteraceae): Uma espécie de margarida de flores amarelas, cujo nome homenageia Rio Pardo de Minas, local de sua identificação inicial.
- Microlicia geraizeira (Melastomataceae): Uma planta que pode atingir até quatro metros de altura, com flores brancas. Seu nome é uma homenagem ao povo geraizeiro do Norte de Minas, tradicional na cultura e no uso sustentável do Cerrado.
Risco de extinção e esforços de pesquisa
A vulnerabilidade dessas espécies já é uma preocupação. As três espécies – Staelia fimbriata, Eriope carpotricha e Wedelia riopardensis – foram classificadas preliminarmente como Criticamente em Perigo (CR) pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Um fator alarmante é que S. fimbriata e E. carpotricha não ocorrem em unidades de conservação de proteção integral. Embora W. riopardensis esteja dentro do Parque Estadual de Serra Nova e Talhado, suas populações são pequenas, o que aumenta o risco.
As expedições foram lideradas pelo doutorando Danilo Zavatin, da USP, com apoio da Fapesp e colaboração do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e pesquisadores internacionais. O trabalho faz parte da avaliação de conservação da flora do PAT Espinhaço Mineiro, coordenada por Renato Ramos, que utiliza tecnologias de big data para guiar as ações de campo.
O IEF, por meio dos programas Pró-Espécies e Copaíbas, tem sido fundamental para o desenvolvimento contínuo da ciência e para confirmar que a Serra do Espinhaço é, de fato, um “celeiro de novas espécies”.




































